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segunda-feira, 15 de junho de 2020

A pandemia mudou como nos relacionamos entre nós e no mundo


A pandemia, em especial o coronavirus, mudou a maneira como nos relacionamos uns com os outros. Ao decidir sair ou ficar em casa, sabemos que podemos contrair o virus e contaminar outros pessoas.
Teoricamente temos o poder de vida e morte sobre qualquer pessoa.

O Estado, então, aumentou esse poder. Sobretudo.

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O filósofo Achille Mbembe* criador do termo necropolítica vê que a pandemia não afeta as pessoas igualmente: os governos decidem quem deve sair de casa - os ditos serviços essenciais - e quem tem que se preservar.

Para ele isso não é novo: o sistema capitalista se baseia na distribuição desigual da decisão entre quem deve viver e quem deve morrer. Ele vê que essa lógica está no cerne do neoliberalismo, ao que ele sugere chamar de necroliberalismo. Um sistema que sempre operou em função da decisão de quem vale mais e quem vale menos. E quem não teria valor pode ser descartado. Isso é ilustrado pela discussão sobre o isolamento versus manutenção do funcionamento da economia.

Por outro lado, dada a dimensão do que estamos vivendo, as populações estão voltando para dentro de casa, literalmente, e mais amplamente, para dentro das fronteiras de seus países, os Estados fechando suas fronteiras.  É uma volta ao nacionalismo.

O que deve ocorrer, segundo Mbembe, é uma reavaliação sobre nossa transitoriedade no planeta. Não estamos certos de que nossa existência está garantida.  Mas o planeta continuará sem nós.

*Achille Mbembe é professor na Universidade de Witwatersrand, Johanesburgo, criador do termo necropolítica, título de seu ensaio sobre este publicado em 2003.
Foto: Internet

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