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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Necropolítica: por Achille Mbembe






No ensaio onde Achille Mbembe teoriza o conceito e cunha o termo Necropolítica, ele pontua em especial o Estado Moderno, focando sua análise na ocupação por parte das nações europeias de territótios ocupados por outros povos - notadamente América e África - e seus desdobramentos, inclusive na criação do conceito de raça – no surgimento do Estado racista.

          Mbembe faz uma breve análise inicialmente da relação do indivíduo com o direito de vida e morte sobre si mesmo, e a consequente projeção desse direito sobre o Estado. Ele retoma esse direito individual, mais adiante no final do ensaio, analisando os fundamentos dos homens-bomba, a percepção dos mártires voluntários sobre si mesmos. 

     Partindo do conceito de biopolítica, criado e teorizado por Michel Foucault, onde o Estado tem poder sobre a vida de seus cidadãos, ele analisa a noção de soberania, onde os estados-nações de facto pela sua preeminência militar, et de jure a partir do conjunto de suas leis internas,  têm o poder de deixar viver ou assassinar outros povos e populações
 O enfoque central de suas reflexões é a violência declarada do Estado, sem contudo deixar de exemplificar a violência jurídica explícita e simbólica do Estado racista, propositalmente repressor e omisso, através da realidade dos bantustões da África do Sul. 

       Ao longo de seu ensaio, ele nos faz compreender as relações geopolíticas e intrínsecas da necropolítica, e nos oferece uma breve análise, contudo diversificada em exemplos históricos e contemporâneos, a saber, desde a onda colonial iniciada no século XV, ao  holocausto judeu, ao Apartheid da África do Sul, à ocupação violenta da Palestina, na faixa de Gaza, aos dias atuais e dos diversos grupos militares fundamentalistas proto-estatais hoje ativos na África.


Leitura curta, mas necessária para compreendermos o mundo de hoje e decidirmos especialmente o que não queremos para amanhã.


segunda-feira, 29 de junho de 2020

A Nova Escola pós Pandemia

Reuters/StringerFonte: undefined - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2020-04-27/china-retoma-aulas-de-ensino-medio-com-fortes-acoes-de-seguranca-contra-covid-19.html



Alunos utilizam máscaras de proteção durante a aula
Foto: Reuters/Stringer
Muitos países retomaram as atividades escolares, com crianças vestidas como se fossem agentes de saúde trabalhando dentro de um hospital. A lógica da produtividade na organização econômica em que vivemos nos obriga a ver as crianças como operários mirins, que precisam a todo momento estar produzindo "algo de útil", lógica essa que nem nos damos conta de que permeia cada gesto, cada segundo do nosso dia. Quando estamos nos distraíndo, ou permitindo que as crianças brinquem, o fazemos porque temos consciência de que "precisamos nos distrair" para "recuperar as energias para o trabalho". E as crianças são tratadas dentro dessa mesma lógica.

Conscientes do prolongamento do confinamento social, os diretores das escolas e a administração pública se preocuparam em dar uma resposta à sociedade, no que se refere à existência da escola como parte integrante da estrutura social, sem refletir sobre a continuidade das atividades escolares dentro do caos. Considerando o insólito da situação atual - mesmo que em outros momentos da história das sociedades tenha havido circunstâncias análogas - não condeno essa atitude de trazer a escola para dentro das casas, substituindo os professores por algum membro das famílias. Com todos os problemas decorrentes do confinamento das famílias dentro de casa, a ausência de rotina escolar é apenas um deles, os profissionais do ensino buscaram amenizar a ansiedade das famílias, na parte que lhes cabia. Criando uma alternativa de ocupação para as  crianças,  respondiam às famílias dentro da mesma lógica econômica da concorrência e da produtividade. Alguns pedagogos se perguntam se muitos jovens vão deixar de querer frequentar escola. Vão. Se a escola não fizer a transição entre o caos atual e o necessário e novo significado da escola, muitos não vão querer voltar.


Na volta do confinamento social, a escola encontrará:

- crianças que perderam pessoas queridas;
- crianças que não conseguiram estudar;
- crianças que vivenciaram tragédias de violência doméstica;
- crianças cujos pais perderam o trabalho, e passaram fome;
- crianças que têm algum membro da família em convalescença, ou ainda hospitalizado;
- muitas escolas, centenas, em luto porque tiveram pelo menos um funcionário morto pelo covid-19.


E a escola pós pandemia terá que :

- focalizar na recomposição da comunidade escolar, através e no luto:
- fazer uma reflexão conjunta, crianças e comunidade escolar, dessa experiência de 2020 no sentido da ecologia, da solidariedade comunitária, do papel do governo/Estado;
- assumir prioritariamente o seu papel de ambiente de troca afetiva, social e comunitária, antes de retomar seu papel de ambiente de troca de conteúdo acadêmico;
- e essencialmente, fazer a transição consciente, refletida,  cadenciada entre o caos que estamos vivendo e a retomada do funcionamento global da sociedade

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A pandemia mudou como nos relacionamos entre nós e no mundo


A pandemia, em especial o coronavirus, mudou a maneira como nos relacionamos uns com os outros. Ao decidir sair ou ficar em casa, sabemos que podemos contrair o virus e contaminar outros pessoas.
Teoricamente temos o poder de vida e morte sobre qualquer pessoa.

O Estado, então, aumentou esse poder. Sobretudo.

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O filósofo Achille Mbembe* criador do termo necropolítica vê que a pandemia não afeta as pessoas igualmente: os governos decidem quem deve sair de casa - os ditos serviços essenciais - e quem tem que se preservar.

Para ele isso não é novo: o sistema capitalista se baseia na distribuição desigual da decisão entre quem deve viver e quem deve morrer. Ele vê que essa lógica está no cerne do neoliberalismo, ao que ele sugere chamar de necroliberalismo. Um sistema que sempre operou em função da decisão de quem vale mais e quem vale menos. E quem não teria valor pode ser descartado. Isso é ilustrado pela discussão sobre o isolamento versus manutenção do funcionamento da economia.

Por outro lado, dada a dimensão do que estamos vivendo, as populações estão voltando para dentro de casa, literalmente, e mais amplamente, para dentro das fronteiras de seus países, os Estados fechando suas fronteiras.  É uma volta ao nacionalismo.

O que deve ocorrer, segundo Mbembe, é uma reavaliação sobre nossa transitoriedade no planeta. Não estamos certos de que nossa existência está garantida.  Mas o planeta continuará sem nós.

*Achille Mbembe é professor na Universidade de Witwatersrand, Johanesburgo, criador do termo necropolítica, título de seu ensaio sobre este publicado em 2003.
Foto: Internet

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Des grévistes du secteur pétrolier vendent du gaz et de l’essence à bas prix


En lutte contre la privatisation et les licenciements, l’action des grévistes fait penser aux actions « Robins des Bois » en France. Grand geste de solidarité de classe.

 

Il s’agit d’une grève dont la solidarité ouvrière est une caractéristique très importante. Comme on peut le lire dans les pages de nos camarades d’Esquerda Diario : « dans un contexte où le nombre de chômeurs est très élevé, 11,6 millions de personnes pour être précis, ce n’est pas un simple détail que l’ensemble d’un secteur comme celui des pétroliers, qui a un grand poids social, prenne la défense des emplois de leurs collègues, même s’ils ne se connaissent pas personnellement ou vivent à des kilomètres de distance les uns des autres, et plus encore, remettant en cause la division entre les salariés directement embauchés par l’entreprise et les travailleurs précaires, une division si répandue dans l’entreprise et à travers le pays. La grève fait un premier pas vers l’unité dans le secteur, luttant pour les postes de 400 employés embauchés directement par Petrobras et 600 travailleurs précaires [intérimaires, contrats temporaires, sous-traitants] ».

( plus de 11 millions de chômeurs et plus de 30%  de la population active dans l'informalité. Au total de plus de 40 millions de la population)

 Lien pour l'article complet

https://www.revolutionpermanente.fr/Bresil-Des-grevistes-du-secteur-petrolier-vendent-du-gaz-et-de-l-essence-a-bas-prix

Workers at the Brazilian oil company Petrobras will go on an indefinite nationwide strike



Layoffs and deindustrialization

The Jair Bolsonaro administration’s policy, focused on selling state-run companies and shutting down strategic Petrobras plants, is having huge impact on oil workers. The company announced mass layoffs and actions that attack agreed rights, also affecting the Brazilian people and the development of the country.

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https://www.brasildefato.com.br/2020/01/31/oil-workers-go-on-indefinite-strike-against-mass-layoffs-and-dismantling-of-petrobras

Brazilian oil workers on strike against layoffs at Petrobas


The FUP, part of CNQ/CUT, which is affiliated to IndustriALL Global Union, launched the strike on 1 February, campaigning for the 396 direct employees and 600 subcontracted workers who will be affected by the plant closure. Layoffs are expected to start on 14 February.
According to the union, the mass layoffs violate the collective agreement signed in November 2019. In the agreement, Petrobras agreed to no mass layoffs for five years without prior consultation with the unions. The announced dismissals at the fertilizer plant came without first discussing alternatives with the union.

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FUP says that the fertilizer plant is not the only Petrobras unit experiencing difficulties, and there has been layoffs and mass transfers of employees across the Petrobras system, which includes subsidiaries and privately owned companies connected to Petrobas.
President Jair Bolsonaro's government supports the privatization of Petrobras. Over five years, the oil company has cut its investments in Brazil by 50 per cent, resulting in the loss of 270,000 direct and subcontracted jobs.
Workers from more than 30 Petrobas units have come together for the strike. Various campaigns are run across the twelve Brazilian states in which the oil company operates.

( Feb 18th, 21 000 workers are on strike)

Link for the article http://www.industriall-union.org/brazilian-oil-workers-on-strike-against-layoffs-at-petrobas

 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Lula visitará Papa Francisco




Lula deve se reunir com papa Francisco no Vaticano


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Viagem está marcada para o dia 12 a 15 de fevereiro. O encontro foi intermediado pelo presidente da Argentina Alberto Fernandez. Ao que se sabe, Lula conversará com o Santo Padre sobre pobreza e fome no mundo.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

China’s Virus Response Has Been ‘Breathtaking’, by Pepe Escobar

China’s Virus Response Has Been ‘Breathtaking’

 

China’s virus response has been ‘breathtaking’ 

Crucially, the government directed everyone to install a “Wuhan Neighbors” applet downloaded from WeChat. That determines “our home’s quarantine address through satellite positioning, and then lock on our affiliated community organization and volunteers. Thenceforth, our social activities and information announcements would be connected to the system.”

 Link to complete article :

https://www.asiatimes.com/2020/01/article/is-china-at-its-most-vulnerable-now/ 

Link para a versão em português:

http://port.pravda.ru/science/02-02-2020/49961-china-0/ 

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Papa Francisco nomeia Pós-Doutor em Direitos Humanos para o Brasil


  Lindomar Rocha Mota nasceu em 20 de novembro de 1971 em Arataca, diocese de Itabuna (BA). Estudou Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais de Belo Horizonte e Teologia no Ateneu Regina Apostolorum de Roma. Já no Pontifício Instituto Teresianum de Roma obteve a Licenciatura em Espiritualidade e fez o Doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Gregoriana. Na Universidade de Coimbra, em Portugal, fez um pós-Doutorado em Democracias e Direitos Humanos.

lindomar-rocha-mota23012020.jpgEm julho de 1998 foi ordenado sacerdote para a Arquidiocese de Diamantina, na qual desempenhou inúmeros cargos, entre os quais reitor de Seminário, vigário paroquial e pároco. Também foi assessor da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e professor na PUC de Belo Horizonte.
No momento, é pároco de Santo Antônio em Curvelo (desde 2019), diretor da Faculdade Arquidiocesana de Curvelo (desde 2012) e Professor no Seminário Maior de Diamantina e na Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Direitos Humanos Brasil Relatório 2020 / Human Rights Watch Brazil Report 2020


Esse artigo pode ser lido em português e espanhol diretamente no site
https://www.hrw.org/world-report/2020/country-chapters/brazil


O governo Bolsonaro apresentou um projeto de lei que permitiria que policiais não fossem condenados por assassinatos. Suas políticas ambientais efetivamente acenderam  o sinal verde às redes criminosas que praticam extração ilegal de madeira na Amazônia e usam a intimidação e a violência contra povos indígenas, residentes locais, ativistas e agentes ambientais que defendem a floresta tropical e seus habitantes.  


Em 2016 o  Brasil já havia perdido 19,5% da Floresta Amazônica. Equivalente à metade do Estado do Amazonas 



The Bolsonaro government introduced a bill that would allow police officers not to be convicted of murder. Its environmental policies effectively give the green light to criminal networks that practice illegal logging in the Amazon and use intimidation and violence against indigenous peoples, local residents, activists and environmental agents who defend the rainforest and its inhabitants.


In 2016 Brazil had already lost 19.5% of the Amazon rainforest. Equivalent to half of the state of Amazonas





 










Na imagem acima, composição de imagens de satélite do projeto Prodes, que mostra em verde as áreas preservadas de floresta; em vermelho, áreas de cerrados e cerradões; e, em amarelo, as áreas originais de floresta desmatadas. Imagem: Prodes/Inpe/Divulgação

In the image above, composition of satellite images of the Prodes project, which shows in green the preserved areas of forest; in red, areas of cerrados and cerradões; and, in yellow, the original deforested forest areas. Image: Prodes / Inpe / Divulgação

Necropolítica: por Achille Mbembe

No ensaio onde Achille Mbembe teoriza o conceito e cunha o termo Necropolítica, ele pontua em especial o Estado Moderno, focando s...